No próximo sábado, dia 6 de junho, será disputada mais uma
final da maior competição de clubes do mundo, a UEFA Champions League, entre
Juventus e Barcelona.
Há 10 anos atrás, porém, a competição foi decidida entre
outro time italiano, o Milan, e o Liverpool da Inglaterra, em Istambul na
Turquia. Aquela final ficou marcada como uma das mais emocionantes da história,
quando o time inglês conseguiu buscar no segundo tempo um placar adverso de 3 a
0.
O Milan tinha uma verdadeira seleção mundial, com os
brasileiros Dida, Cafu, Kaká e ainda o lateral Serginho, que entrou no segundo
tempo daquela final. Uma zaga que contava com gigantes do futebol italiano,
Nesta e a bandeira do clube, Paolo Maldini. No meio, o gênio Pirlo, o valente
Gattuso, além do craque holandês Seedorf. A dupla de ataque não era menos
importante, com o ucraniano Shevchenko e o argentino Hernán Crespo, todos
comandados pelo especialista em levantar troféus da “Champions”, Carlo
Ancelotti.
O Liverpool, apesar de toda a sua tradição e de grandes
jogadores, era o azarão. No gol, o polonês Dudek, que se tornou um dos heróis
da final. O meio-campo era de respeito, com os espanhóis Xabi Alonso e Luis
Garcia, além da sua bandeira, Gerrard. O ataque, no entanto, era menos
badalado, formado pelo australiano Kewell e o pelo tcheco Milan Baros.
O que se viu no primeiro tempo foi um verdadeiro passeio
milanista. Maldini abriu o placar logo no primeiro minuto e com um Kaká
inspirado, Crespo ampliou marcando duas vezes, aos 39 e 44.
No intervalo, qualquer fã de futebol do mundo já dava como
certo o título indo para a Itália. Uma vantagem dessas numa final desse tamanho
seria difícil de ser revertida. Difícil, mas não impossível, e menos ainda para
o valente time da terra dos Beatles!
Existe o improvável, mas não o impossível no futebol. E o
improvável aconteceu.
Com uma garra raras vezes vista na história do esporte, o
Liverpool, inferior para muitos, mas não para eles mesmos e nem para sua torcida,
fez três gols no segundo tempo e buscou o empate, com gols de Gerrard aos 9
minutos, Smicer, dois minutos depois e Xabi Alonso, aos 15.
Isso mesmo, em 15 minutos o Liverpool tirou a taça das mãos
do Milan, se segurou como pôde e foi com moral elevadíssima até a disputa dos
pênaltis.
Nem todas as estrelas do time italiano foram capazes de
quebrar a barreira polonesa de Dudek, que se agigantou e pegou os pênaltis de
Pirlo e Shevchenko. Nem o gigante Dida, especialista em pegar pênaltis, foi
capaz de segurar os chutes de Hamann, Cissé e Smicer, que deram a taça pela
quinta vez para o time que nunca caminha sozinho.
O milagre de Istambul havia acontecido!
No dia 1º de junho de 2005, uma semana após
aquele jogo histórico, o Paulista chegava ao Mineirão para fazer o jogo de
volta da semifinal da Copa do Brasil.
O adversário era o Cruzeiro, melhor time brasileiro da
época, que havia atropelado todos os seus adversários na competição, inclusive
com algumas goleadas, até aquela fase.
O Galo, assim como o Liverpool, era o azarão. Apesar da
vantagem obtida no primeiro jogo, quando venceu no Jayme Cintra por 3 a 1, a
missão seria árdua. O Cruzeiro ainda era o favorito.
E diante de um Mineirão com mais de 35.000 pessoas, o time
da casa, assim como o Milan na Turquia fez o que precisava. Massacrou o
Paulista e conseguiu reverter a vantagem marcando três gols no primeiro tempo.
O primeiro com Kelly aos oito minutos e depois duas vezes com Fred, assim como
Crespo, aos 16 e 36.
No intervalo do jogo, assim como em Istambul, todo fã de
futebol já dava como certa a vaga na final para o time mineiro. Parecia
impossível o Paulista voltar de Belo Horizonte classificado. Mas o impossível
não existe no futebol e também, ou ainda mais para o valente Galo da Serra do
Japi e sua torcida.
Chegando no vestiário do Mineirão, o elenco tricolor se
deparou com uma lousa que mostrava o placar do jogo em Istambul ocorrido uma
semana antes: Liverpool 3 x 3 Milan. Estava dado o recado pelo então auxiliar
Wagner Lopes.
Os comandados de Vagner Mancini voltaram para o gramado com
a certeza de que era possível e que só dependia deles buscar o improvável.
E o improvável mais uma vez aconteceu!
Logo no primeiro minuto, Márcio Mossoró foi pra cima da zaga
do Cruzeiro e sofreu a falta na intermediária. Juliano fingiu que ia cobrar,
mas deixou para Cristian soltar a bomba por baixo da barreira sem chances para
Fábio.
Três minutos depois foi a vez de Léo sofrer a falta no mesmo
local. Mais uma vez Cristian chutou rasteiro e contou com o desvio na barreira
para mandar a bola para o fundo das redes. Fábio dessa vez nem se mexeu.
Em pouco tempo, assim como em Istambul, o azarão reverteu a
vantagem.
O Paulista se segurou como pôde e com méritos e moral chegou
à final da Copa do Brasil.
O milagre do Mineirão havia acontecido!
Foi, com certeza, a derrota mais comemorada da história pela
torcida tricolor!
Poucos dias depois o Paulista conquistaria o título mais
importante de sua história, a Copa do Brasil, tão comemorada pelos torcedores
tricolores quanto a Champions League pelos torcedores do Liverpool!
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Recordar é viver