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[ESPECIAL] Neno, o herói improvável da Copinha em 1997

Nem bem começou o ano e amanhã já tem bola rolando, começa mais uma edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a maior competição de categorias de base do Brasil, vencida pelo Paulista em 1997, numa campanha inesquecível que ficou marcada na história do clube e da cidade de Jundiaí e que merece ser lembrada sempre.

No ano anterior, em 1996, o Galinho já havia feito uma bela campanha, conquistando o terceiro lugar na competição.

Jogadores que faziam parte da base do clube e que não seriam aproveitados no time profissional foram emprestados ao Valinhos, clube que era patrocinado pela mesma empresa que investia no Paulista.

O empréstimo dos jogadores que foram comandados pelo técnico Giba renderia o título do Campeonato Paulista da Série B1-B (5ª divisão) e também uma base para o time do Paulista que disputaria a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1997.

Para conquistar o título naquele ano, o Galinho precisou passar por grandes equipes.

Rodrigo sobe para cabecear e marcar contra o Criciúma
Na primeira fase o estádio Dr. Jayme Cintra foi uma das sedes e jogando em Jundiaí o Paulista perdeu na estreia para o Atlético-PR por 3 a 0, venceu o Juventus por 2 a 1 e o Criciúma por 4 a 1, garantindo a sua classificação para as Oitavas de Final. No primeiro mata-mata, jogado também no Jayme Cintra, a revanche contra o Atlético-PR, desta vez vitória por 3 a 2.

Time que enfrentou o São Paulo no Nicolau Alayon

A partir das Quartas de Final, o Galinho foi para São Paulo. No dia 19 de janeiro venceu o São Paulo por 3 a 2 na prorrogação no estádio Nicolau Alayon. Na semi, 2 a 1 sobre o Santos no estádio do Ibirapuera, garantindo a classificação para a final contra o Corinthians.

A final disputada no dia 26 de janeiro no estádio do Canindé foi emocionante, debaixo de muita chuva, porém, o futebol ficou prejudicado, obrigando as duas equipes a jogarem com muito mais raça do que técnica, tornando o jogo nervoso.

No tempo normal, empate sem gols. Na prorrogação, logo no primeiro minuto, o Corinthians abriu o placar e a torcida corinthiana começou a fazer o seu carnaval antecipado, mas o que ela não esperava era o chute de Neno aos cinco minutos do segundo tempo, quando arriscou de longe e surpreendeu o goleiro Nivaldo, marcando um golaço que calou a “Fiel” e levou a decisão para os pênaltis, onde brilhou a estrela de Cristiano, defendendo duas cobranças, cabendo a Raniery bater o pênalti que garantiu o título para o Paulista.

Time que enfrentou o Corinthians na grande final.
Em pé: Marcelo Baiano, Umberto, Souza, Erasmo e Cristiano;
Agachados: Doriva, Edilson, Netinho, Marcos Paulo, Claudinho e Pipoca.

Vários foram os destaques naquela competição e que depois jogariam também no time principal do Paulista, como o próprio goleiro Cristiano, os zagueiros Erasmo, Umberto e Jeff, os laterais Pipoca e Fábio Vidal, o volante Doriva, os meias Netinho (Borges Neto), Claudinho e Raniery e os atacantes Edilson, Rodrigo e Adelque, mas coube ao reserva Neno, que desde a primeira fase entrava nas partidas, fazer o gol mais importante do Paulista na competição.




A ficha técnica da grande final:

Paulista 1 (4) x (3) 1 Corinthians

PAULISTA: Cristiano; Marcelo Baiano (Luciano), Erasmo, Umberto e Pipoca; Souza (Raniery), Doriva, Netinho e Claudinho; Edilson e Marcos Paulo (Neno). Técnico: Giba.
CORINTHIANS:
Nivaldo; Gil, Marinho, Rodrigo e Lúcio Vágner; Xande (Washington), Toninho, Deco e Eduardinho (Ricardinho); Caju e Marcos Alemão (Fábio). Técnico: Adaílton Ladeira.

Estádio: Oswaldo Teixeira Duarte (Canindé) – São Paulo, SP
Copa São Paulo de Futebol Júnior 1997 – Final
26/01/1997 – domingo – 17h
Árbitro:
Sílvio César Talarico
Gols: Washington (1’/1º prorr.) e Neno (5’/2º prorr.). Pênaltis: Claudinho, Edilson, Netinho e Raniery (Paulista); Caju, Nivaldo e Washington (Corinthians). Obs.: perderam Neno e Umberto (Paulista), Ricardinho e Lúcio Vágner (Corinthians)
Cartões vermelhos: Erasmo (Paulista); Marinho e Deco (Corinthians)

Reveja abaixo como foi a final da Copinha de 1997:



Visando homenagear este jogador que marcou um dos gols mais bonitos e importantes da história do Paulista, conversei com ele pelas redes sociais e a partir de agora você conhece curiosidades daquela campanha, da carreira e fica sabendo como está e por onde anda Neno, o herói improvável da Copinha de 1997:

Neno, qual o seu nome completo, quando e onde nasceu?
Meu nome completo é Lenivaldo Simplício Barbosa, nasci no dia 29 de maio de 1978, na cidade de Abreu e Lima, região metropolitana de Recife, PE.

Em que cidade mora atualmente?
Hoje moro na cidade de Paulista (PE), no bairro de Pau Amarelo.

Trabalha com o que atualmente?
Estou montando uma comedoria aqui mesmo no bairro de Pau Amarelo em Paulista.

Como e quando chegou a Jundiaí para jogar no Paulista?
Eu jogava em um time do Sergipe, no Cotinguiba, e o Fernando Sanches, um empresário que hoje mantém um grande polo de jogadores na Bahia, me viu lá e perguntou se eu gostaria de ir para o Paulista de Jundiaí para um teste. Antes não conhecia o que era Jundiaí e chegando por lá me encantei.

Por onde jogou após deixar o clube?
Após o Paulista, joguei no América-MG e no Mamoré, onde fui campeão mineiro pelos dois clubes, depois retornei ao Coritiba-SE, fazendo uma temporada e encerrei minha carreira por lá.

Mantém contato ainda com os jogadores daquele time?
Após a minha saída não tive mais contato com aqueles jogadores, gostaria muito. Já procurei várias vezes pelo Facebook, por todo canto e não encontro nenhum, gostaria muito de ter contato com eles, fazem parte da minha história e da minha vida.

Você não era titular, mas entrou e fez o gol decisivo na final. Qual foi a sensação de ter feito aquele gol contra o Corinthians diante de um estádio lotado de corinthianos?
É verdade, não era titular, mas me sentia um jogador muito importante. Meu treinador sempre falava: “você vai fazer história aqui”, e eu acreditava naquilo.
Um dia antes da final, estava no apartamento, eu, o Fred e o Marcelo, e ali eu disse a eles que tive um sonho, que faria o gol da final e que saía batendo feito gavião em “homenagem” à torcida do Corinthians, só que eles pensaram que foi provocação e começaram a gritar: “Uh, vai morrer!”, isso não sai da minha cabeça.
E a sensação de ter feito aquele gol é uma coisa inexplicável, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Qual foi a importância daquela conquista na sua vida?
Aquela conquista me abriu portas, abriu a porta para eu chegar no América-MG com um título da Copa São Paulo de Júnior no currículo, que foi muito importante na minha carreira.

Antes do campeonato, vocês acreditavam que poderiam ser campeões ou a confiança veio durante a competição?
Antes do campeonato não, mas após a gente jogar em Valinhos, onde quase todo o grupo estava ali, ganhar a Série B1-B (quinta divisão estadual) e depois nos juntarmos novamente para disputar a Taça São Paulo, a gente tinha sim uma confiança, tínhamos bons jogadores, um técnico excelente, um preparador físico fora do comum, isso foi o que levou a gente a ser campeão, foi a união do grupo com um mesmo objetivo, foi isso que nos fez vencedores.

Qual a importância do técnico Giba para aquela conquista?
O técnico Giba foi tudo naquela conquista, foi ele que nos levou para Valinhos, para nos juntarmos e pegar uma força, uma técnica maior, um conjunto de grupo, ele foi tudo nessa conquista, que Deus o abençoe onde ele estiver, que ele esteja com Deus, agradeço tudo a ele!

Na sua opinião quem era o melhor jogador daquele time?
Olha, falar melhor jogador eu não sei porque nós éramos um grupo, várias posições tinham ótimos jogadores. O Rodrigão, centro-avante, cabeçeava que não tinha igual, o Claudinho tinha técnica, o Netinho e sua qualidade na lateral, eram ótimos jogadores. Não vou falar um jogador, o grupo era muito bom e, ainda mais, um goleiro que não tinha igual, o Cristiano, esse sim foi o nosso destaque pra mim.

Neno, você está marcado na história do Paulista de Jundiaí, mande um recado para a torcida.
O recado que eu tenho para a torcida do Paulista é que vocês moram no meu coração, tanto torcida, cidade, vocês são fora do comum. Naquele dia onde tinham 20 mil torcedores, 1.500 eram do Galo, ficaram caladinhos ali, mas quando a gente chegou na cidade, eu nunca vi uma coisa tão bonita, tão linda, com a torcida toda nos esperando.
Vocês moram no meu coração, um abraço.
E um dia retornarei a Jundiaí para rever todos esses meus amigos desse time que estão aí, fiquem com Deus!

Neno, na época de jogador e nos dias atuais




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