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Estádio Jayme Cintra: palco das comemorações dos 320 anos de Jundiaí

A cidade de Jundiaí comemora amanhã mais um aniversário, são 362 anos desde o dia 14 de dezembro de 1655, data em que foi elevada à categoria de vila.

Há 42 anos, em 1975, o palco do início das comemorações dos 320 anos de aniversário do município foi o estádio Dr. Jayme Cintra.

Através de uma parceria, Paulista e prefeitura organizaram um torneio amistoso nacional que contou com as participações, além do próprio Paulista, de Corinthians, Flamengo e Grêmio, que lutaram pela Taça Cidade de Jundiaí e que ficou conhecido popularmente como Torneio da Uva. Outros nomes dados à competição foram Troféu Jundiaí, Quadrangular de Jundiaí e Torneio 320 anos de Jundiaí.

O torneio foi recebido com entusiasmo pela população e já durante a divulgação, visando o sucesso da competição, a prefeitura solicitou aos comerciantes e industriais que dispensassem seus funcionários ao meio-dia do sábado dia 13, dia da final, para que pudessem acompanhar as solenidades comemorativas no estádio que começariam ainda no meio da tarde.


A competição foi disputada em dois dias, as semifinais foram jogadas na noite de quinta-feira, dia 11 de dezembro, entre Flamengo x Grêmio e Paulista x Corinthians, enquanto a decisão do 3º lugar e a grande final foram jogadas no dia 13.

A situação dos times

O Paulista vinha de uma participação ruim no Torneio José Ermírio de Moraes Filho, onde ficou apenas na 11ª posição entre 13 participantes e para o quadrangular reforçou seu elenco. Maurílio e Edson Só, vieram do Velo Clube, e Bozó, ponta-esquerda, foi emprestado pelo São Bento (três anos depois sagraria-se campeão brasileiro com o Guarani), além de contar com o retorno de Klein, Bosco e Adilson, que estavam emprestados a outras equipes.

Os outros três participantes, tinham acabado suas participações no Campeonato Brasileiro (na época chamado de Copa Brasil), onde pararam na terceira fase, com nenhum deles conseguindo chegar às semifinais. Apesar do final da temporada, todos vieram à Jundiaí com seus elencos principais dando enorme valor à competição.

A chegada das delegações

As delegações de Corinthians, Flamengo e Grêmio chegaram à Jundiaí na tarde do dia 11, em ônibus cedidos pela empresa São João de Turismo, onde foram repecionados em frente ao Parque da Uva e depois escoltados até a prefeitura municipal, onde dirigentes se encontraram com o vice-prefeito Flávio Ceolin, que ressaltou as presenças dos grandes clubes na cidade, pois o torneio fazia parte das comemorações do aniversário da Jundiaí.

O vice-prefeito Flávio Ceolin recebe os dirigentes dos clubes participantes do torneio.

Semifinais

Público jundiaiense prestigiou o torneio disputado no Jayme Cintra.

Sob intensa expectativa, às 19h30 do dia 11 de dezembro, entraram em campo as equipes do Flamengo e do Grêmio que fizeram o primeiro jogo e que foi vencido pelos cariocas por 2 a 1, com gols de Caio e Zico, tendo Cláudio descontado para o Grêmio.
Abaixo a ficha da primeira semifinal:

Flamengo 2 x 1 Grêmio

FLAMENGO: Sidnei; Júnior (Nei), Rondinelli, Luís Carlos e Rodrigues Neto; Merica e Tadeu; Luís Paulo, Caio, Luisinho (Dendê) e Zico (Doval). Técnico: Carlos Froner.
GRÊMIO: Picasso; Vilson (Celso Augusto), Ancheta, Beto e Bolívar; Osmar e Yura (Cláudio); Luís Carlos, Zequinha, Neca e Loivo (Chico). Técnico: Ênio Andrade.

Árbitro: Milton Jorge
Gols: Caio (3’/1º), Zico (25’/1º) e Cláudio (5’/2º)

No segundo jogo da noite o Paulista segurou o favoritismo do Corinthians e após um empate sem gols, a decisão foi para os pênaltis.

Na primeira cobrança feita por Lázaro, o juiz Alfredo Gomes mandou repetir, porque o goleiro corinthiano Tobias se mexeu antes do chute. Na nova cobrança Lázaro converteu já colocando o Paulista em vantagem. Depois bateram na sequência, sempre convertendo, Geraldo (1x1), Bosco (2x1), Piau (2x2), Édson Só (3x2), Darci (3x3), Bozó (4x3), até que o zagueiro corinthiano Ademir empatou, mesmo após Edison Mug defender três cobranças do jogador, pois o árbitro mandou repetir todos os chutes, desta vez alegando irregularidades do goleiro tricolor. Na quarta tentativa, Ademir converteu. Djalma converteu o quinto pênalti para o Paulista e César teve a chance de igualar, mas chutou para fora. O Paulista enfrentaria o Flamengo na final da competição.
Abaixo a ficha da segunda semifinal:

Paulista 0 (5) x (4) 0 Corinthians

PAULISTA: Edison Mug; Cícero, Marco, Domingos e Lázaro; Gilberto e Bosco; Maurílio (Claudinho), Édson Só, Waldomiro (Djalma) e Bozó. Técnico: Airton Diogo.
CORINTHIANS: Tobias; Zé Maria, Darci, Ademir e Vladimir; Ruço e Adãozinho (Helinho); Ivã, Roberto (César), Geraldo e Piau. Técnico: Milton Buzzeto.

Árbitro: Alfredo Gomes
Gols: nos pênaltis: Lázaro, Bosco, Édson Só, Bozó e Djalma (Paulista); Geraldo, Piau, Darci e Ademir (Corinthians)

Time do Paulista que enfrentou o Corinthians.
Em pé: Edison Mug, Marco, Domingos, Gilberto, Lázaro e Cícero;
Agachados: Maurílio, Édson Só, Waldomiro, Bosco, Bozó e Dacunto (massagista).

Time do Corinthians que enfrentou o Paulista na Taça Cidade de Jundiaí. 

Torcida jundiaiense invadiu o gramado para comemorar a classificação do Paulista para a final. 

Solenidades e a final

No sábado, às 15 horas, as solenidades tiveram início com a apresentação da Banda de Caieiras, premiada em vários concursos de bandas e fanfarras do estado.

A Banda de Caieiras abriu as solenidades do aniversário de 320 anos de Jundiaí.

No local reservado às autoridades, estavam presentes o presidente da FPF e vice-presidente da CBD, Dr. José Ermírio de Morais Filho, Dr. Antero Ferreira, diretor da FPF, José Ferreira Pinto, coordenador de esportes do estado e presidente do Juventus e o prefeito da cidade, Íbis Cruz, entre outras personalidades.

Antero Ferreira, Vanderlei Pires, José Ferreira Pinto, Dr. José Ermírio de Morais Filho, Tobias Júnior e Tobias Muzaiel.

Às 16 horas, Corinthians e Grêmio disputaram o terceiro lugar. Na partida apitada por Sílvio Luiz, levou a melhor o alvinegro do Parque São Jorge por 2 a 0, com os seus tentos sendo anotados por Vaguinho.
Abaixo a ficha do jogo:

Corinthians 2 x 0 Grêmio

CORINTHIANS: Tobias; Zé Maria, Darci, Ademir (Cláudio) e Vladimir; Ruço (Helinho) e Tião; Vaguinho, Roberto, César (Geraldo) e Piau (Adilson). Técnico: Milton Buzetto.
GRÊMIO: Gasparim (Picasso); Vilson (Celso), Ancheta (Tadeu), Beto Fuscão e Bolívar; Osmar e Luís Carlos; Neca, Zequinha, Cláudio (Yura) e Loivo (Chico). Técnico: Ênio Andrade.

Árbitro: Sílvio Luiz
Gols: Vaguinho (11’ e 37’/1º)

Time do Corinthians que enfrentou o Grêmio na Taça Cidade de Jundiaí.
Em pé: Zé Maria, Darci, Tião, Ademir, Tobias e Vladimir;
Agachados: Vaguinho, Roberto, César, Ruço e Piau.
 

Zé Maria, capitão do Corinthians, recebe o troféu de terceiro lugar do Sr. José Ferreira Pinto, observado pelo presidente do Paulista, Vanderlei Pires.

Antero Ferreira entrega o troféu de quarto lugar ao goleiro Picasso, do Grêmio.

Às 18 horas, Paulista e Flamengo entraram em campo. Com o gramado molhado as equipes pouco produziram e mais uma vez o tricolor segurou o resultado levando a decisão para os pênaltis. No tempo regulamentar foram expulsos Luís Paulo do Flamengo e Bosco e o técnico Airton Diogo do Paulista.

Antes das cobranças dos pênaltis houve uma confusão de cerca de 15 minutos porque o técnico do Flamengo, Carlos Froner, queria que o jogo proseguisse por mais 30 minutos conforme previa o regulamento da competição, mas que por motivo desconhecido não foi cumprido.

Nos pênaltis foram necessárias 14 cobranças. Pelo Flamengo marcaram Zico, Rodrigues Neto, Tadeu, Doval, Dequinha, Luisinho e Merica. Pelo Paulista converteram Bosco, Édson Só, Gelson, Lázaro, Djalma, Gilberto, até que Cantarelli defendeu a cobrança de Marco garantido o título para o rubro-negro carioca.
A ficha técnica da final:


Paulista 0 (6) x (7) 0 Flamengo

PAULISTA: Edison Mug; Cícero, Marco, Domingos e Lázaro; Gilberto e Bosco; Maurílio (Claudinho) (Gelson), Édson Só, Waldomiro (Djalma) e Bozó. Técnico: Airton Diogo.
FLAMENGO: Cantarelli; Júnior, Jaime, Luís Carlos (Dequinha) e Rodrigues Neto; Merica e Tadeu; Caio (Doval), Luisinho, Zico e Luís Paulo. Técnico: Carlos Froner.


Árbitro: Oscar Scolfaro
Gols: Nos pênaltis: Bosco, Édson Só, Gelson, Lázaro, Djalma e Gilberto (Paulista); Zico, Rodrigues Neto, Tadeu, Doval, Dequinha, Luisinho e Merica (Flamengo)
Cartões vermelhos: Bozó (Paulista); Luís Paulo (Flamengo)

Time do Paulista que jogou contra o Flamengo.
Em pé: Cícero, Domingos, Gilberto, Lázaro, Marco e Edison Mug;
Agachados: Maurílio, Bosco, Waldomiro, Édson Só, Bozó e Dacunto (massagista).

Time do Flamengo, campeão da Taça Cidade de Jundiaí.
Em pé: Cantarelli, Júnior, Luís Carlos, Rondinelli, Rodrigues Neto e Merica;
Agachados: Caio, Tadeu, Luisinho, Zico e Luís Paulo.

Luís Carlos, capitão do Flamengo recebe a Taça Cidade de Jundiaí. Ao seu lado, o presidente Vanderlei Pires com o troféu que coube ao Paulista como vice-campeão do torneio.

Classificação Final:

1º) Flamengo (Campeão)
2º) Paulista (Vice-campeão)
3º) Corinthians
4º) Grêmio

Curiosidades

Botafogo e Fluminense foram cogitados para participar do quadrangular, mas a prefeitura e o Paulista decidiram pelo Flamengo, devido ao apelo popular do time da Gávea.

O ex-jogador Gerson, tricampeão com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do México em 1970, comentou os jogos pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro e elogiou muito a atuação do goleiro tricolor, Edison Mug, considerando-o como um dos melhores goleiros do Brasil nas saídas do gol.

Elogiou também os jogadores Cícero, Gilberto, Bosco e Bozó, dizendo que estes poderiam jogar em qualquer time do Brasil.

Corinthians e Paulista terminaram a competição sem tomar nenhum gol nos tempos normais.

O jogador Vaguinho, do Corinthians, foi o artilheiro do torneio com dois gols.

Para este torneio, na final, o Paulista utilizou um novo segundo uniforme, com as camisas brancas contendo faixas horizontais vermelhas e pretas e com o escudo no centro.

Edison Mug em ação contra o Flamengo.

Jornal do Brasil (RJ) noticia o torneio na cidade de Jundiaí.

Elaboração e pesquisa: Ivan Gottardo

Fotos: Reprodução Jornal de Jundiaí e Acervo Digital Jornal do Brasil

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