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Ouro para o bem de São Paulo



Em 9 de julho de 1932 deflagrou-se em todo o estado de São Paulo, a Revolução Constitucionalista, maior movimento cívico armado da história estadual, contra o governo nacional de Getúlio Vargas.

Foram 87 dias de combates em diversas cidades de todo o estado e a cidade de Jundiaí e suas associações, entre elas o Paulista Futebol Clube, não abandonaram a sua gente e também ajudaram na Revolução.

Pouco antes disso, no final do mês de junho de 1932, começou a ser disputado o Campeonato da Divisão Campineira da A.P.E.A.

O Paulista estava inserido neste campeonato, que contava com o São João, também de Jundiaí, Guarani, Ponte Preta, Campinas F.C. e Voluntários da Pátria, estes da cidade de Campinas, além do Rio Branco de Americana e do Amparo. Duas semanas após o seu início, porém, o campeonato foi paralisado.

Para financiar as suas defesas, São Paulo criou a campanha "Ouro para o bem de São Paulo", que lastreava o dinheiro usado pelos paulistas.

O Tricolor Jundiaiense contribuiu doando todas as suas taças, cartões de prata e medalhas de ouro.

Isso mesmo!

Todos os troféus ganhos pelo clube em 23 anos de existência, até então, seriam derretidos para financiar a campanha paulista.

No dia 26 de agosto de 1932, a diretoria do clube reuniu-se para decidir a respeito da proposta feita pelo Sr. Natalino Orsi, que dera a ideia da doação.

Por unanimidade a proposta foi aceita, com algumas providências a serem tomadas: que a entrega fosse feita solenemente, o mais breve possível, no Paço Municipal, aos membros do Comitê de Jundiaí. Ficou também deliberado que se tirasse uma fotografia de todos aqueles objetos, para figurar como recordação em um quadro de honra e, foi proposto ainda que, se conservassem os pedestais das taças e que fossem colocados em cada um, uma placa de metal que lembrasse cada vitória do referido troféu.

Eis o que consta no jornal "Diário Nacional" de 1º de setembro de 1932:



O veterano Paulista F.C., local, entregou hoje, em bela demonstração de civismo, à comissão do "Ouro para a Vitória", 75 taças de metal e prata, 30 bronzes, 3 cartões de ouro e alguns de prata.

Às 14 horas, os troféus conquistados em brilhantes vitórias esportivas, foram retirados da sede daquele clube por alunas da Escola Normal, que, depois, percorreram as ruas da cidade, precedidas de uma banda de música. Os diretores do Paulista transportavam as bandeiras Nacional e Paulista, sobre as quais o público depositou donativos para os soldados combatentes.

Em frente ao prédio da Câmara Municipal, sede do M.M.D.C. e da comissão do "Ouro para a Vitória", fizeram uso da palavra diversos oradores, seguindo logo após o cortejo em direção ao Banco Comercial, onde foram os troféus depositados, ficando em exposição.

Como se vê, os troféus foram realmente entregues, mas não chegaram a ser usados para o nobre fim a que foram destinados. A Revolução durou até o dia 4 de outubro e mais de um mês depois, na ata de reunião de 23 de novembro mostra-se a decisão do Sr. Presidente do clube, José Vitorino Ferreira Filho, tratar pessoalmente do assunto, no sentido de efetuar o retorno dos troféus.

Muitos destes troféus, alguns com mais de 100 anos de existência, figuram ainda, orgulhosamente, na sala de troféus do Paulista Futebol Clube, no estádio Dr. Jayme Cintra.

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