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91 anos atrás, como era a torcida do Paulista?

Senhores e senhoras em trajes elegantes.

Era assim que boa parte da população acompanhava os jogos de futebol no início do século passado, homens de chapéu, terno e gravata, mulheres com longos vestidos, todos trajados para um verdadeiro evento de gala.


É o que pode ser visto nestes flagrantes da revista A Cigarra numa de suas passagens por Jundiahy (como era a grafia do nome da cidade na época).

O futebol teve seu início no Brasil praticado pelas elites e assim permaneceu por um bom tempo até o surgimento de novos adeptos e crescimento de novos clubes provenientes de classes proletárias.

Em 1926 o Paulista disputava pela primeira vez em sua história a divisão principal do Campeonato Paulista. O presidente do Clube Athlético Paulistano de São Paulo, Dr. Antonio da Silva Prado Júnior, também era destacado diretor da Companhia Paulista e tinha boa relação com o Dr. Jayme Pinheiro de Ulhôa Cintra, então inspetor geral da estrada de ferro administrada pela Companhia. Essa aproximação entre os clubes, fez o Paulista receber o convite para integrar uma nova liga que estava sendo criada pelo Paulistano, chamada de LAF (Liga dos Amadores de Futebol).

Assim, no dia 7 de setembro de 1926, o Paulista recebia em seu campo, na Avenida Luiz Rosa, o próprio Paulistano para a disputa de um dos jogos do campeonato.

A rodada dupla começou com o jogo entre os segundos quadros, que teve como vencedor o Paulista por 4 a 1, quebrando a invencibilidade do Paulistano nesta categoria.

No jogo entre os times principais a vitória coube ao Paulistano por 1 a 0 e segundo relato do jogo no jornal O Estado de São Paulo, “a numerosa assistência que se comprimia em todas as dependências que rodeiam o gramado do clube jundiaiense aplaudiu com calor ambos os quadros, que atacaram fortemente, defenderam-se com valor e tudo fizeram para tornar a partida bem movimentada”.

O encontro, além do confronto entre os dois times, marcava também um duelo particular.

O Paulistano era o maior time do futebol brasileiro na época e contava com Arthur Friedenreich, “El Tigre”, o primeiro grande craque brasileiro de todos os tempos e que por muito tempo teve em torno de seu nome a lenda de ter marcado mais de mil gols. Fato este nunca comprovado e desmentido em uma de suas biografias, escrita por Luiz Carlos Duarte.

O grande nome do Paulista era Camargo, o “Charuto Aceso”, um dos maiores artilheiros e jogadores da história do clube e que apesar de jogar em um time do interior, tinha o seu futebol comparado, pela própria imprensa paulistana, ao futebol de Fried.

Apesar dos dois jogadores estarem em campo, o gol da vitória paulistana foi marcado por Seixas, no fim do primeiro tempo.

E voltando à assistência (o termo torcida ainda não era usado na época), apesar da elegância, não deixavam de protestar quando não concordavam com as marcações do juiz. Neste jogo, faltando dois minutos para o seu término, vaiaram insistentemente o Sr. Osvaldo Vieira que não teria marcado uma falta dentro da área em prol do Paulista. Diante do energético protesto, o juiz resolveu dar bola ao ar. Poucos instantes depois, encerrou o jogo.

Os quadros das duas equipes nesta partida estavam formados assim:

PAULISTA: Lindolpho; Villela e Guedes; Lima, Euclydes e Fregola; Batata, Lamaneres, Camargo, Barbosa e Araújo.
PAULISTANO: Nestor; Clodô e Caetano; Abate, Mestres e Vilella; Filó, Miguel, Friedenreich, Seixas e Formiga.

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