Após um longo período de hibernação volto para contar uma história que tomei conhecimento graças aos contatos com o pesquisador Joel Mancinelli da cidade de Bragança Paulista.
Enério Martinelli é considerado o maior jogador da história
do Paulista.
Foi contratado pelo clube após brilhar no time amador do
Dragão Mecânica ao lado do goleiro Nicanor - chegaram juntos ao Tricolor no ano
de 1952.
Durante 10 anos, Martinelli envergou a camisa tricolor com
máximo respeito e dedicação. Ele é o único jogador a aparecer na lista dos 10
jogadores que mais vezes vestiram a camisa do Galo, bem como na lista dos 10
maiores artilheiros do clube, isso jogando na posição de zagueiro!
Graças ao seu potente e temido chute ganhou a alcunha de
“Canhão do Interior”, fazendo muitos dos seus gols em cobranças de faltas e de
pênaltis, sendo atração em Jundiaí e nas demais cidades do interior onde o
Paulista se apresentava.
Foi um dos responsáveis pela criação da Cooperativa Paulista
no ano de 1956, enquanto o clube construía o seu novo estádio Dr. Jayme Cintra,
Martinelli era responsável junto com o técnico Arthur Zomignani de organizar
amistosos que ajudavam a pagar o salário dos jogadores. Neste período,
Martinelli chegava até a trabalhar na bilheteria do estádio da Avenida Luiz
Rosa antes de entrar em campo.
Foi responsável também ao lado do grande Nivaldo Bonassi pela
formação do “time do salário mínimo” no ano de 1960, quando o Paulista montou
uma verdadeira seleção de jogadores do futebol amador jundiaiense para a
disputa do campeonato estadual.
Nenhum outro jogador talvez tenha vivido e vestido a camisa
do Paulista como ele!
Profissionalmente ainda defendeu as cores do Gran São João,
de Limeira, e do Promeca, também de Jundiaí na época.
O que pouca gente sabia (me incluo nessa) é que Martinelli
vestiu por uma vez a camisa de um rival do Paulista.
Em 1956, às vésperas do início do campeonato da Segunda
Divisão, o Paulista o cedeu por empréstimo ao Bragantino para a disputa de um
amistoso contra o São Paulo na cidade de Bragança Paulista.
E aqui cabe um esclarecimento de que esse tipo de atitude
eram bem comuns na época, onde, em jogos festivos, as equipes contavam com
participações especiais de grandes jogadores de outros times.
O jogo disputado no dia 5 de agosto de 1956 foi o primeiro da
história entre Bragantino e São Paulo e contou com arrecadação recorde, até
então, na cidade de Bragança.
Segundo o jornal A Gazeta Esportiva, o São Paulo foi
recebido com grande festa na cidade e o Bragantino ofereceu um presente como
forma de homenagem ao zagueiro Mauro do Tricolor Paulista.
Apesar do reforço de Martinelli, o Massa Bruta não conseguiu
segurar o São Paulo e acabou vencido por 2 a 1.
Vale observar na ficha técnica do jogo que, além de
Martinelli, participaram daquela partida outros jogadores que viriam a vestir a
camisa do Paulista tempos depois, casos do meia Jackson e do atacante Oswaldo
pelo lado Bragantino, e do meia Esnel, que jogou pelo São Paulo. O Alfredo, da
linha média são-paulina, é o Alfredo Ramos, que foi técnico do Paulista entre
1967 e 1968.
Eis a ficha daquele jogo:
Bragantino
1 x 2 São Paulo
BRAGANTINO:
Oceania
(Hélio Bertoloti); Cassiano e Martinelli; Jackson, Perseu e Caldarelli; Ademar,
Haroldo, Cláudio, Paulinho (Tico) e Oswaldo. Técnico: Nelson Bellotto.
SÃO PAULO: Bonelli; De Sordi e
Mauro; Esnel (Vitor), Alfredo e Turcão (Riberto); Lanzoninho, Dino, Gino,
Maneca (Roque) e Canhoteiro. Técnico: Vicente
Feola.
Amistoso
05/08/1956 – domingo à tarde
Árbitro: Benedito Francisco
Renda: Cr$ 140.000,00
Gols: Turcão (pênalti, 26’/1º), Dino (20’/2º) e Oswaldo (pênalti, 45’/2º)
O
time do Bragantino que enfrentou o São Paulo com o reforço de Martinelli.
Foto: acervo Joel Mancinelli.
A Gazeta Esportiva cobriu o jogo e publicou as fotos dos
times e de lances onde pode ser observado como era o estádio do Paulista na
Avenida Luiz Rosa.
A ficha do jogo:
Paulista
3 x 0 Bragantino
A
formação do Paulista que venceu o Bragantino por 3 a 0 no dia 19 de agosto de
1956:
Em pé: Jaú, Celso, Barizon, Belmiro, Petronilho e Martinelli;
Agachados: Alvair, Dario, Ico, Arthurzinho e Paulistinha.
Naquele campeonato de 1956, o Paulista chegaria à final da
competição contra o Botafogo de Ribeirão Preto, perdendo o título e o acesso
somente no jogo final disputado no Parque Antarctica.
Já o Bragantino não passou da primeira fase, terminando em
5º lugar na Série Industrial.
Sensacional amigo
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