Há exatos 100 anos, no dia 15 de
abril de 1920, o Paulista Futebol Clube conquistava o primeiro título oficial
de sua história, o de Campeão do Interior, ao vencer o XV de Piracicaba por 5 a
1 no estádio da Ponte Grande em São Paulo.
Apesar de ser disputado em 1920,
o título refere-se ao campeonato de 1919 e era organizado pela Associação
Paulista de Sports Athleticos, a “Federação Paulista de Futebol” da época.
Doze equipes participaram do
certame e Paulista e XV de Piracicaba chegaram à final após serem campeões de
suas Zonas, como era dividido o campeonato de acordo com a posição geográfica
de cada cidade e as determinadas ferrovias que lhes serviam.
Os melhores de cada região
disputaram as fases finais em São Paulo.
Na primeira semifinal, o XV de
Piracicaba venceu o Atlético Santista por 2 a 0 e garantiu o seu lugar na final
do campeonato.
O Paulista precisou de dois jogos
para passar pelo Comercial de Ribeirão Preto.
Após empate no primeiro jogo em 1
a 1, as duas equipes voltaram a se enfrentar três dias depois e então o
Tricolor jundiaiense levou a melhor, vencendo por 3 a 2, garantindo o direito
de disputar o título contra os piracicabanos.
A grande final foi marcada para o
dia 15 de abril, uma quinta-feira, no estádio da Ponte Grande, pertencente ao
Sport Club Corinthians Paulista, e seria a preliminar de um amistoso entre o
próprio Corinthians e um combinado formado por jogadores do Palestra Itália
(atual Palmeiras) e do Brasil de Pelotas (então campeão gaúcho e que
excursionava pelo estado de São Paulo).
A delegação piracicabana,
acompanhada de dirigentes e torcedores, viajou um dia antes para a capital.
No dia da final, o futebol era
assunto obrigatório em Jundiaí e a cidade mostrava-se entusiasmada e eufórica,
esperando com ansiedade o momento do jogo.
Apesar de ser um dia útil, normal
de trabalho, a importância da disputa atraiu grande público ao campo do
Corinthians e já perto das 14 horas, horário marcado para o pontapé inicial, o
estádio encontrava-se bastante cheio.
Sob as ordens do árbitro Leon
Worward adentraram ao gramado os dois quadros do interior, assim constituídos:
PAULISTA:
Bruno;
Lilo e Paulino;
Bertolini, Rosa e Tatu;
Batata, Miguel, Camargo, Minguta e Lamaneres.
Lilo e Paulino;
Bertolini, Rosa e Tatu;
Batata, Miguel, Camargo, Minguta e Lamaneres.
XV DE NOVEMBRO:
Carrara;
Schimidt e Achiles;
Chico Pousa, Carmo e Nardini;
Falchi, Pio, Pereira, Barrento e Foguinho.
Schimidt e Achiles;
Chico Pousa, Carmo e Nardini;
Falchi, Pio, Pereira, Barrento e Foguinho.
Segundo os relatos dos jornais
das épocas, o jogo foi longe de ser emocionante, devido à atuação altamente
superior do Paulista desde o início do jogo, considerada excelente e de
perfeita coesão.
O Paulista assumiu a ofensiva da
partida e abriu o placar logo aos 10 minutos com Minguta.
Pouco tempo depois, em cobrança
de falta, Barrento marcou o único gol do XV.
Mesmo com o empate sofrido o
Paulista manteve-se no campo do adversário dominando completamente o seu rival.
Batata marcou o segundo gol do
Tricolor e Minguta o terceiro, terminando o primeiro tempo com vantagem do
Paulista por 3 a 1.
Na segunda etapa o time
jundiaiense manteve o domínio da partida, ampliando o placar com mais dois
gols, marcados por Batata e Lamaneres, decretando o placar final e a goleada de
5 a 1, conquistando assim o primeiro título oficial de sua história, o de
Campeão do Interior!
Logo após a realização do jogo
foi entregue ao capitão do Paulista, Lilo, a taça “Edgard Nobre de Campos”, recebida
das mãos do presidente da Associação Paulista de Sports Athleticos, Dr.
Ferreira dos Santos.
E tão logo a notícia da
estrondosa vitória do Paulista chegou à Jundiaí, milhares de fogos estouraram
em toda a cidade, numa saudação antecipada aos novos campeões do interior.
Quando a delegação tricolor
retornou de São Paulo e desembarcou na estação da S.P.R., foi recepcionada por
milhares de torcedores e bandas de música, todos com bandeirinhas do clube,
acenando com entusiasmo para aqueles que conquistaram o honroso título.
A massa popular tomava todo o
pátio da estação e se estendia pela Rua Barão do Rio Branco.
Duas filas de senhoras e
senhoritas receberam os jogadores com chuva de flores.
Formou-se então um extenso cortejo
até a sede do clube, no centro da cidade, onde a festa cheia de alegria, fogos
e música, se estendeu até o amanhecer.
Tarde e noite inesquecíveis para o Paulista Futebol Clube e para a cidade de Jundiaí e que hoje completam 100 anos!