De forma inédita e exclusiva o
Fanático pelo Paulista traz um raio-x do que foi o Campeonato do Interior de
1930, pela 6ª Região da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) e que
equivaleu também ao Campeonato Jundiaiense do referido ano.
Após figurar, entre 1926 e 1929,
na Liga dos Amadores de Futebol (LAF), onde disputou o Campeonato Paulista
destes anos, o Paulista viu-se obrigado, com o fim da Liga, a refiliar-se à
APEA para manter-se em atividade contra as principais equipes do estado.
Numa rápida transição, o
Tricolor voltou a enfrentar outras equipes da capital e das demais cidades do
interior.
Em agosto, a APEA dava início
ao seu Campeonato do Interior da chamada 6ª Região, que na verdade era composta
pelos clubes da cidade de Jundiaí filiados a ela.
Cinco clubes foram inscritos na
competição. O atual bicampeão Ipiranga (da Vila Arens), o Corinthians
Jundiaiense (também da Vila Arens), o São João (da Ponte São João), o Palestra
Itália (da Colônia) e o Paulista (do Centro).
E logo na sua primeira
participação contra adversários citadinos o Paulista sagrou-se campeão de forma
invicta e com antecedência passando inapelavelmente pelos seus concorrentes,
perdendo apenas um ponto em todo o certame, fruto de um empate polêmico e
confuso contra o seu maior rival da época, o Corinthians Jundiaiense.
Confira abaixo, com alguns
detalhes e curiosidades, o levantamento histórico dessa competição, que deu ao
Tricolor o seu primeiro título de Campeão Jundiaiense:
1º Turno:
Data
|
Local
|
|||||
17/08/30
|
Corinthians Jundiaiense
|
4
|
x
|
7
|
Palestra
Itália
|
Av.
Luiz Rosa
|
24/08/30
|
Ipiranga
|
1
|
x
|
7
|
Paulista
Malavasi (3p)
Luna (2) Russinho Bonito |
Av.
Luiz Rosa
|
31/08/30
|
São João
Guajaba Sagrillo (2) Narciso |
4
|
x
|
4
|
Corinthians
Jundiaiense
Orestes (2) Chó (f) Juvenal (p) |
R.
Osvaldo Cruz
|
07/09/30
|
Palestra Itália
Russo |
1
|
x
|
9
|
Paulista
Camargo (3) Russinho (2) Luna (2) Malavasi (2) |
Av.
Luiz Rosa
|
14/09/30
|
Ipiranga
Totó Soares (p) Alfredo |
3
|
x
|
0
|
São
João
|
Av.
Luiz Rosa
|
21/09/30
|
Corinthians Jundiaiense
|
2
|
x
|
2
|
Paulista
|
Av. Luiz Rosa
|
28/09/30
|
São João
Sagrillo (p) |
1
|
x
|
5
|
Palestra
Itália
Russo Ítalo Guerino Bichentim Gino |
R.
Osvaldo Cruz
|
05/10/30
|
Corinthians Jundiaiense
|
0
|
x
|
4
|
Ipiranga
|
Av.
Luiz Rosa
|
12/10/30
|
Paulista
Malavasi (2p) Luna Diaco |
4
|
x
|
3
|
São
João
Minguta (2) Léo |
Av.
Luiz Rosa
|
19/10/30
|
Palestra Itália
Guerino (p) Russo Bichentim (2) |
4
|
x
|
4
|
Ipiranga
Totó (2p) Amadi (contra) |
Av.
Luiz Rosa
|
09/11/30
|
Paulista
Camargo (p) |
1
|
x
|
1
|
Corinthians
Jundiaiense
Juvenal (p) |
Av.
Luiz Rosa
|
2º Turno:
Data
|
Local
|
|||||
23/11/30
|
Palestra Itália
Guerino |
1
|
x
|
2
|
Corinthians
Jundiaiense
Luccas Jacomin |
Av.
Luiz Rosa
|
30/11/30
|
Paulista
Luna (2) Russinho |
3
|
x
|
1
|
Ipiranga
Barrilão |
Av.
Luiz Rosa
|
07/12/30
|
Corinthians Jundiaiense
Jacomin |
2
|
x
|
3
|
São
João
Sagrillo Léo Lamaneres |
Av.
Luiz Rosa
|
14/12/30
|
Paulista
Nico (2) Russinho Luna Camargo |
5
|
x
|
1
|
Palestra
Itália
Bichentim |
Av.
Luiz Rosa
|
21/12/30
|
São João
|
2
|
x
|
6
|
Ipiranga
|
R.
Osvaldo Cruz
|
28/12/30
|
Corinthians Jundiaiense
Juvenal Mulatão
Chó
|
3
|
x
|
6
|
Paulista
Russinho Camargo Nico Luna (3) |
Av.
Luiz Rosa
|
04/01/31
|
Palestra Itália
Guerino Bichentim |
2
|
x
|
1
|
São
João
Léo |
R.
Osvaldo Cruz
|
11/01/31
|
Ipiranga
Erino |
3
|
x
|
3
|
Corinthians
Jundiaiense
Orestes |
Av.
Luiz Rosa
|
18/01/31
|
São João
Sagrillo Lamaneres Rogerio |
3
|
x
|
4
|
Paulista
Malavasi (p) Luna Nico Russinho |
R.
Osvaldo Cruz
|
25/01/31
|
Ipiranga
|
0
|
x
|
1
|
Palestra
Itália
|
Av.
Luiz Rosa
|
Classificação final (por pontos perdidos):
Equipe
|
PP
|
|
1º
|
Paulista
|
1
|
2º
|
Palestra Itália
|
7
|
3º
|
Ipiranga
|
8
|
4º
|
Corinthians Jundiaiense
|
11
|
5º
|
São João
|
13
|
Curiosidades:
Os únicos campos utilizados no
campeonato foram o do Paulista, situado na Avenida Luiz Rosa e o do São João,
localizado na Rua Osvaldo Cruz. Ipiranga e Corinthians Jundiaiense não possuíam
estádio e o Palestra Itália não tinha o seu campo aprovado para jogos oficiais
da Associação.
O jogo do dia 21 de setembro de
1930 entre Corinthians Jundiaiense e Paulista não foi considerado para efeitos
de pontuação visto que o jogo não terminou. Quando o placar apontava um empate
de 2 tentos, inconformados com a marcação de uma falta em favor do
Corinthians Jundiaiense, os jogadores do Paulista se revoltaram, tendo o seu goleiro
tentado agredir o árbitro, que paralisou o jogo. Diretores dos dois times entraram
em campo e houve confusão na torcida. O Paulista recusou-se a continuar o jogo
e o árbitro, Natal Guerra, precisou ser substituído para continuação do prélio.
No segundo tempo, foi a vez dos jogadores corinthianos se rebelarem contra a
marcação de um pênalti a favor do Paulista, retirando-se de campo, havendo mais
confusão entre as torcidas, até que o representante da Associação decide
encerrar a partida. Após julgamento baseado no relatório do juiz, a APEA
decidiu pela continuação dos 32 minutos restantes em outra data, porém em
caráter amistoso. O jogo foi remarcado para o dia 9 de novembro e o resultado,
também de empate, daquele jogo foi considerado o oficial.
Outra confusão ocorreu na partida do dia 30 de novembro
entre Paulista e Ipiranga, quando o jogador Napa entrou violentamente numa
disputa, agredindo o goleiro do Paulista, Zé Dica. Dirigentes dos clubes e da
Associação mais uma vez entraram em campo, desta vez apaziguando a situação,
dando continuidade à partida.
O Paulista sagrou-se campeão com antecedência após vencer o
Corinthians Jundiaiense no dia 28 de dezembro por 6 a 3, restando ainda quatro
partidas em disputa no campeonato, porém, não podendo mais ser alcançado pelos
outros concorrentes. A escalação do Paulista naquela partida foi a seguinte: Zé
Dica; Villela e Fregola; Bento, Malavasi e França; Batata, Russinho, Nico,
Camargo e Luna.
Na partida de 11 de janeiro de 1931, entre Ipiranga e
Corinthians Jundiaiense, a APEA multou os dois clubes por não terem apresentado
uma bola, que precisou ser emprestada pelo Paulista para realização do jogo.
Com o título do campeonato da 6ª região, o Paulista ganhou o
direito de representar a cidade nas fases posteriores do Campeonato do
Interior, contra adversários de outras cidades e que só viria a ser disputada a
partir de junho de 1931. Nas quartas de final, o Paulista eliminou a Ponte
Preta de Campinas, na semifinal, passou pelo Elvira de Jacareí, mas acabou
derrotado pelo Amparo na grande final, tornando-se Vice-campeão do Interior de
1930.
O Paulista teve o melhor ataque e a melhor defesa da
competição, marcando 39 gols em oito jogos e sofrendo apenas 14.
Os artilheiros do Paulista foram os seguintes:
Luna – 12 gols
Malavasi – 8 gols
Russinho – 7 gols
Camargo – 6 gols
Nico – 4 gols
Bonito – 1 gol
Diaco – 1 gol
Malavasi – 8 gols
Russinho – 7 gols
Camargo – 6 gols
Nico – 4 gols
Bonito – 1 gol
Diaco – 1 gol
O “asa” esquerda Luna, pelas suas atuações, viria a chamar a
atenção da Portuguesa, onde jogou posteriormente e segundo o Almanaque da Lusa
fez 22 gols em 71 jogos entre os anos de 1932 e 1935.
O treinador do Paulista era Attílio Bragantini, o popular Tatu, Bicampeão do Interior de 1919 e 1921 como jogador do Tricolor.
Escudo do Paulista nos anos 20 |
Aspecto de Zé Dica, segundo o jornal "A Folha", o solerte guardião do Tricolor. |
Camargo, o afamado avante do Paulista, jogador que chegou a ser comparado à Friedenreich. |
Fontes de pesquisa:
- A Folha (periódico)
- Almanaque da Lusa (Érico Faria Loreto, Marcio Monteiro de Alencar, Rafael Ribeiro Emiliano e Thiago Vasconcelos Teixeira de Azevedo – trabalho de TCC de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, orientado por Celso Dario Unzelte)
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